quarta-feira, 30 de junho de 2010

A palavra (Pablo Neruda)


... Sim Senhor, tudo o que queira, mas são as palavras as que cantam, as que sobem e baixam ... Prosterno-me diante delas... Amo-as, uno-me a elas, persigo-as, mordo-as, derreto-as ... Amo tanto as palavras ... As inesperadas ... As que avidamente a gente espera, espreita até que de repente caem ... Vocábulos amados ... Brilham como pedras coloridas, saltam como peixes de prata, são espuma, fio, metal, orvalho ... Persigo algumas palavras ... São tão belas que quero colocá-las todas em meu poema ... Agarro-as no vôo, quando vão zumbindo, e capturo-as, limpo-as, aparo-as, preparo-me diante do prato, sinto-as cristalinas, vibrantes, ebúrneas, vegetais, oleosas, como frutas, como algas, como ágatas, como azeitonas ...


E então as revolvo, agito-as, bebo-as, sugo-as, trituro-as, adorno-as, liberto-as ... Deixo-as como estalactites em meu poema; como pedacinhos de madeira polida, como carvão, como restos de naufrágio, presentes da onda ... Tudo está na palavra ... Uma idéia inteira muda porque uma palavra mudou de lugar ou porque outra se sentou como uma rainha dentro de uma frase que não a esperava e que a obedeceu ... Têm sombra, transparência, peso, plumas, pêlos, têm tudo o que ,se lhes foi agregando de tanto vagar pelo rio, de tanto transmigrar de pátria, de tanto ser raízes ... São antiqüíssimas e recentíssimas. Vivem no féretro escondido e na flor apenas desabrochada ... Que bom idioma o meu, que boa língua herdamos dos conquistadores torvos ... Estes andavam a passos largos pelas tremendas cordilheiras, pelas .Américas encrespadas, buscando batatas, butifarras*, feijõezinhos, tabaco negro, ouro, milho, ovos fritos, com aquele apetite voraz que nunca. mais,se viu no mundo ... Tragavam tudo: religiões, pirâmides, tribos, idolatrias iguais às que eles traziam em suas grandes bolsas... Por onde passavam a terra ficava arrasada... Mas caíam das botas dos bárbaros, das barbas, dos elmos, das ferraduras. Como pedrinhas, as palavras luminosas que permaneceram aqui resplandecentes... o idioma. Saímos perdendo... Saímos ganhando... Levaram o ouro e nos deixaram o ouro... Levaram tudo e nos deixaram tudo... Deixaram-nos as palavras.

*Butifarra: espécie de chouriço ou lingüiça feita principalmente na Catalunha, Valência e Baleares. (N. da T.)





sexta-feira, 18 de junho de 2010

bico

bico na frieza, bico na arrogância, bico na inoperância, bico na ignorância, bico na cegueira (de espírito), bico na limitação, bico no prostração (vai procurar no dicionário puta que pariu!)

só pra ser diferente do que esse blog já viu. é de outra época mesmo...talvez uma época que nunca tenha passado por aí. o som é ruim? será o som???

traduza como quiser, escolha o sentimento

http://www.youtube.com/watch?v=BcWNI_voFs8&feature=related

A VIDA ESTÁ VIVA! VIVA A VIDA!

sábado, 12 de junho de 2010

aprendi na tarde de hj


aprendi que rituais podem ser interessantes. segui-los, nem sempre é prático, mas como, da mesma forma que em 2009, me encontrei, nessa mesma data, na mesma cidade, com a mesma tarde de sol, resolvi tentar passar pelo local em que revelei meu sorriso. as condições nao eram assim tão favoráveis, mas se esperasse o vento soprando na direção certa, talvez tb jamais pudesse ver de tão perto o brilho de olhos tão apaixonantes...tão perto que não pudessem retroceder...sabia de certo impedimento, mas resolvi, praticamente na mesma hora, subir a pé, passar pelo proibido e me sentar no mesmo banco...
sabia que nada seria como naquela tarde, mas quem pode duvidar que pude sentir o mesmo perfume e a mesma surpresa?
rituais, passo a recomendar.


PS. esse texto não tem nenhuma relação com dia dos namorados. mas a referência a uma grande paixão é imediata

quarta-feira, 9 de junho de 2010

a resposta está na música...


"oi, tudo bem?
te mandei um e-mail e vc nem respondeu... aconteceu alguma coisa?"
digamos que eu continue questionando muita coisa...e não sei se fiz bem em te escrever que passei a noite de domingo pra segunda pensando em vc...não quero te causar mal nenhum, por isso se for incômodo, faço meus desabafos no blog e como vc disse que de vez em quando entra, vc encontra meus textos...digamos que me faz falta sua maneira de me tratar tão bem, tanto que nem sei se mereço. digamos que me deparar com a situação de ser apenas uma peça de ajuste me deixa desconfortável. não é nada com vc, a não ser a falta que me faz o seu sorriso, sua companhia e suas mãos para me acalmar.

se eu ainda te adoro? a resposta está na música...


SÓ ENQUANTO EU RESPIRAR

quarta-feira, 2 de junho de 2010

! ? ! ? ! ? ! ? ! ? ! ? ! ? ! ? ! ? ! ? ! ? ! ?


Adorei o e-mail anterior. vc me conhece muuuito bem!!!!!!!!! nem imaginava que receberia tantas exclamações na resposta. Posso mesmo notar o sorriso nervoso no canto da boca se perguntando se colocaria ou não tantas exclamações. “será que devo me revelar assim?”, vc deve ter se perguntado. Agora ela brinca com o que escrevo. “será que ele sempre brincou?”. assim é malvadeza demais, que saco! “Como pode me conhecer a distância?”, provoca-se. ahh eu sempre visito o blog! Outra revelação nem tão surpreendente, afinal sempre confessou “inocente” e constante curiosidade. Mas faz bem saber das visitas. Só não sei porque não diz o título do livro que comprou pensando em mim ou algo do tipo. Porque afinal precisa desse segredo? Será que essa é a única informação que continua mantendo sob forte proteção, porque se depender dos seus olhos e de pouco mais do que isso, já disse tanta coisa.

Na última passagem, por exemplo, foi ótimo encontrar seus olhinhos brilhando e fala um tanto afobada parecendo querer contar tanto, inclusive que queria longos abraços, mas a noite caindo e a surpresa da visita foram suficientemente motivadoras. Porque afinal guarda esse segredo, será que porque quando adquiriu tal publicação tinha outras tantas intenções, ou vontade de me sufocar? Tudo bem, não faz mal, guarde o que quiser. Guarde como quiser. Porque sei que és de fato apaixonada pelas minhas interrogações.

terça-feira, 1 de junho de 2010

apenas experimentado


tem vários dias que espero encontrar algum e-mail seu... vc já vai brigar comigo? Não seja malvado, eu não briguei com vc. O que aconteceu no domingo? Domingo é um dia longo, certamente o maior de todos. Ainda mais quando bate aquela sensação de que nunca haverá um inverno como o de 2009. É tão amargo, ainda mais com a Lua reforçando o que não se quer.

Quando tem lua como a de hoje é impossível não lembrar do seu sorriso. Muito engraçado vc me falar isso hj, na terça fui dar uma voltinha na rua e vi a lua, só veio vc na minha cabeça...Não sei se foi a lua ou seu sorriso, mas em uma dessas moradas encontrei uma porta aberta. Entrei. Lá dentro, duas janelas escancaradas, seus olhos, me chamando pra ficar. Tardes e manhãs como que deixando que deitássemos para sentir o silêncio invadir para que a paz parecesse duradoura. Vias de fuga, o banco, a sombra, a certeza...de nada.

Fugir, fugir, palavras e mãos como válvulas de escape, declaradas. E de vez em quando, bate esse domingo, uma sensação explicável de estar só...só enquanto eu respirar...só, diante de um inverno que ameaça ser distante...não deixe que seja assim. Só, diante do silêncio preferido como permanência. Nunca disse nunca, nem nunca mais, nem último encontro. Por isso és incrível. Mulher incrível, continua sendo. Doce, sábia, não sabe que no silêncio do domingo preferi um canto.

Depois de meses, deixei que os olhos escolhessem se queriam chorar ou não. Queria um canto, mas não encontrei o ideal. Queria um canto é um colo. Queria um canto, um colo e o silêncio para deixar que passasse o que me incomodava. Você sempre me disse que eu sabia lidar com as palavras, mas as suas deixam mais do que transparente que aquele sentimento nunca acabou, não foi substituído, pelo simples fato de não termos vivido, mas apenas experimentado a paixão.