quinta-feira, 17 de maio de 2012

brisa


Segura essa alegria que percorre as veias desorientada. Aproveita e faz as contas, encara a fila do banco, vai ao mercado. Segura essa alegria criança e dançante, que sabe que é pra já que vai-se embora!
Segura! Segura essa coisa maluca em excesso por causa de uma palavra.
Que a alegria se vai antes que se soletre n-a-d-a!
Segura! Segura e dança!
Que quiçá dará tempo de digitar enquanto o ar a espanta!


terça-feira, 15 de maio de 2012

crônica de maio


                                                (Tarsila do Amaral)

Uma fila maior do que precisa no banco. As pessoas em silêncio, boletos às mãos, filhos no colo. Na central de cópias de uma movimentada avenida, atendentes despreparados tecnicamente, embora esteticamente beirem à perfeição. Na mesma copiadora, alguém quer ultrapassar e ser atendido antes, mesmo diante do totem de senhas digitais. Ah! Naquele posto de gasolina não tem fila. Paro o carro e os R$ 0,20 a mais do que a média, por litro de gasolina, explicam a solidão dos frentistas agrupados em conversa reticente. Um caminhão, praticamente sem freios, não mede a transição rodovia/avenida e quase impede que dois universitários cheguem à aula da tarde. Por sorte, o rapaz demonstrou habilidade ao volante. Venta frio, seus olhos não estão em nenhum outdoor. Muito menos o brilho do seu sorriso encontra semelhança em tantas almas que parecem perturbar o mundo com uma existência parca. Param para o almoço. Frentistas, motoristas, copiadores, mães e amantes. Param na hora certa, mas o mês de maio impede que a comida se mantenha em temperatura agradável.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Descubra do que é capaz


                                                               (Paul Klee)


Já escrevi tanto sobre paixão, tesão, avião. De maneira que de vez em quando tenho uma vontade fulminante de mudar o tema. Mas para quem viu olhos brilharem como eu vi, confesso que funciona como um ímã de sensações. Parece que o eixo gravitacional dos sentidos pulsa no sentido do olhar que diz calado, longe e perverso. E se eu de verdade deixasse de existir, seria mais sábio? Por vezes, tenho dúvida. Por outras tantas, sei que estou certo. Mais certo de quê? Nem se este último q tem acento estou definitivamente certo.
Mas esse blog é pra que mesmo? As pessoas que escrevem e outras poucas (?) que o lêem buscam saber algo ou apenas deixar a alma mais leve. Quem escreve, sabe que pode ser livre aqui. Quem lê, procura respostas para perguntas que ousa não fazer porque sabe que teria medo do conflito. Ah! O conflito. Espere, vou procurar no dicionário

(...)

Tempo para o Houaiss

Conflito. substantivo masculino

1     profunda falta de entendimento entre duas ou mais partes

2     Derivação: por extensão de sentido.

choque, enfrentamento

3     Derivação: por extensão de sentido.

discussão acalorada; altercação

4     Derivação: por analogia.

ato, estado ou efeito de divergirem acentuadamente ou de se oporem duas ou mais coisas

5     Rubrica: administração.

contestação recíproca entre autoridades pelo mesmo direito, competência ou atribuição

6     Rubrica: psicologia.

ocorrência concomitante de exigências, impulsos ou tendências antagônicos e mutuamente excludentes, e o estado daí decorrente

7     Rubrica: teatro.

no drama, fato em torno do qual se estruturam as ações da peça e que consiste no choque de interesses, opiniões etc. de duas ou mais personagens, ou entre o protagonista e forças externas (divindades, forças da natureza), ou até consigo mesmo

 Escolha o seu. Descubra do que é capaz.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Não me diga 'tchau'



Não me diga 'tchau' e não dependa da sua consciência pra ficar. Ficou um silêncio tinindo nos meus ouvidos. E eu soube imediatamente que no seu também. Você estranhou o tinir indeciso da sua própria decisão cortante. E você, depois que cortou, ficou meio mole. 
Fez eco o espaço sem palavra entre sua boca e minha orelha. E sobrou batom entre a minha boca e a sua nuca. Não me diga 'tchau'. Te beijarei a testa, contanto que não me peça apenas isto. 
Tem sol de sobra e a minha manhã não teve outra alegria. Serei aquela que guarda o seu sorriso nos próprios olhos. E aprendi a cada um desses dia guardar cada risada extensa, pra só então depois contar que me faz rir.
Serei a melhor amizade, desde que sobre vontade e falte medo. Não me diga 'tchau' e não dependa do próprio aconchego pra ficar. Deixe que eu leve aconchego. Eu me achego até seu canto, longe, eu sei...longe e a um passo quando der vontade.
Regue a expectativa, não se cobre ser chegada. Eu chego. Eu deito na tarde perdida enquanto você não chega. E a estada será maior que a estrada, acredite! 
Não me diga 'tchau'. Lembrei que nunca nesses tantos anos nos despedimos, ainda que o intervalo fosse infinito. É assim que eu me viro. É assim que eu me meto. E por fim é que eu arrisco: pode sim dar pé. 
Mas isso de hoje de eu nem opinar não foi medo de dizer. Foi é coragem de calar.