quinta-feira, 29 de novembro de 2012

sobrou um pouco de tempo

hoje fiz meu caminho bem devagar. de forma quase que inédita nos últimos meses, sobrou um pouco de tempo, então deixer o carro quase que ir sozinho. e pasme! ele foi parar ao lado de uma capela! estacionou, debaixo de uma sombra de outono, sem qualquer interferência minha. também não me perguntou nada antes de desligar o motor. fez de uma forma como se me dissesse: "vai, agora é com você, já fiz minha parte te trazendo até aqui. não tenha medo, desça e caminhe um pouco".
 
assim fiz.
 
você está em cada centímetro daquelas calçadas, daquele banco, debaixo daquela árvore. me sentei, olhei pra cima e as pequenas folhas caíam como efeito especial de propaganda de TV. fechei os olhos e pude ouvir seu sorriso ao imaginar as folhas na mesma queda. será que tudo sempre foi sempre assim por ali? estiquei o braço direito para o lado e, ao abrir os dedos, ninguém me convence que os seus dedos estavam ali, me esperando e, sem que eu terminasse de imaginar seu sorriso, agarraram-se nos meus até que a pressão desse aperto pudesse significar um "pra sempre".
 
acredite, mantive os olhos fechados, a mente escancarada. lembrei do seu perfume. e de como ele nunca atacou minha veia alérgica. ou será que a paixão inibe qualquer manifestação de espirro e suas normais consequências?  aquele bucolismo não existe em outro lugar, porque em lugar algum existe a nossa memória e as alegrias ali compartilhadas. você me avisou, não vá lá de forma solitária, mas foi foi inevitável. você precisa apenas sentir a paz daquelas dias. deixe-se em paz, não se incomode com o que não possa te representar carinho e bem estar. cuide-se. estou, como tantos outros, orando por você. talvez por isso "fui" levado até aquela capela. sei que um dia terei, de novo, o privilégio de encontrar seus olhos, com o mesmo brilho, com a mesma vida.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

pela ciência e pelo sentimento

                                                                                  foto: Douglas Melo
 
totalmente sem querer, descobri que não está bem. parece destino. parece ironia. uma janela se abriu, um diálogo se fez e você apareceu. inevitável, talvez. continuo com a mesma preocupação, ou maior ainda. seu sumiço só poderia ser explicado com o dia a dia díficil que tem enfrentado. um dia te explico que passei a acreditar em uma força Suprema, que certamente sempre esteve comigo, contigo, com tantos mundo afora. por isso vc continua, com mais intensidade, presente no meu coração, na minha memória e nas minhas conversas com Ele.
 
é difícil eu dizer que seus dias são de aprendizado, até porque mesmo dizendo isso não concordo que você teria que aprender uma lição tão amarga. Também me sinto confuso por imaginar que tenha minha parcela de responsabilidade, surgida anos atrás, quando estive no furacão que encontrava sua vida e que talvez tenha originado os problemas que enfrenta agora. Por isso me desculpo, pelas irresponsabilidades, pelos atos impensados, pela insistência que te cansou por vezes.
 
sei que o ar tem faltado. a irritação e o desânimo têm tomado seus segundos, mas vai passar. não porque eu quero, porque você quer ou tantos amados seus desejam e oram. vai passar porque existe algo chamado ciência. medicina. psicologia. farmacologia. terapias diversas. elas existem para que possamos prosseguir. e você irá prosseguir. aí entra o aspecto psicológico, do amor, do merecimento, da honestidade, da bondade, da amizade e do querer bem. você é alguém que só podemos pensar como alguém feliz. o sorriso fácil. os olhos que brilham. o abraço amigo e materno. a graça de uma pessoa que só quer continuar. você vai continuar. vai ser ajudada, pela ciência e pelo sentimento. porque Ele quer, porque tantos querem, porque é inevitável. te adoro.
 
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terça-feira, 20 de novembro de 2012

Deixar(se) ir - III


De quando a saudade é maior que o tempo de despedida. De quando a vontade rasga poros e exige cuidados. De quando a saudade reclama como se fosse hoje. E quer pra hoje, o que se teve um dia.
O não querer e o desejar. Da briga que eles travam dentro e fora daqui. Perto daqui. 
Da proximidade que não une. E da visão que não enxerga. 
Desejo do abraço diário, do calor que faz meu peito no teu antes de amanhecer. Dos cabelos ainda no rosto enquanto você sorri para mim - e ri de mim. Da ajuda pra pegar a bolsa e a blusa. Da realidade do dia que puxa pra um despertar de manha e vontade de não sair dali. 
Da saudade de quando você ria para mim - e de mim quando acordo.
Saudade é desejo. Vontade é desejo. Querer é outra parte. 
O desejo titubeia. O querer não....este tem certeza.
Deseja te ver ficar. Quer de uma vez por todas conseguir.
Mas não consegue deixar, partir.