hoje fiz meu caminho bem devagar. de forma quase que inédita nos últimos meses, sobrou um pouco de tempo, então deixer o carro quase que ir sozinho. e pasme! ele foi parar ao lado de uma capela! estacionou, debaixo de uma sombra de outono, sem qualquer interferência minha. também não me perguntou nada antes de desligar o motor. fez de uma forma como se me dissesse: "vai, agora é com você, já fiz minha parte te trazendo até aqui. não tenha medo, desça e caminhe um pouco".
assim fiz.
você está em cada centímetro daquelas calçadas, daquele banco, debaixo daquela árvore. me sentei, olhei pra cima e as pequenas folhas caíam como efeito especial de propaganda de TV. fechei os olhos e pude ouvir seu sorriso ao imaginar as folhas na mesma queda. será que tudo sempre foi sempre assim por ali? estiquei o braço direito para o lado e, ao abrir os dedos, ninguém me convence que os seus dedos estavam ali, me esperando e, sem que eu terminasse de imaginar seu sorriso, agarraram-se nos meus até que a pressão desse aperto pudesse significar um "pra sempre".
acredite, mantive os olhos fechados, a mente escancarada. lembrei do seu perfume. e de como ele nunca atacou minha veia alérgica. ou será que a paixão inibe qualquer manifestação de espirro e suas normais consequências? aquele bucolismo não existe em outro lugar, porque em lugar algum existe a nossa memória e as alegrias ali compartilhadas. você me avisou, não vá lá de forma solitária, mas foi foi inevitável. você precisa apenas sentir a paz daquelas dias. deixe-se em paz, não se incomode com o que não possa te representar carinho e bem estar. cuide-se. estou, como tantos outros, orando por você. talvez por isso "fui" levado até aquela capela. sei que um dia terei, de novo, o privilégio de encontrar seus olhos, com o mesmo brilho, com a mesma vida.