quinta-feira, 27 de março de 2014

continuará?

hoje meu peito dói. não estou bem. sinto a boca amarga porque falei muito pouco desde que acordei. quase nada. sinto o estômago incomodado. o almoço desceu atravessado. por mais que eu tente, o riso não vem. procurei outras histórias tristes pra ver se me acalentava. alívio passageiro, infame. queria mudar algumas coisas, poucas na verdade, mas que fariam uma diferença gigantesca. tenho medo de falhar, tenho medo de ser uma tábua fraca, podre, sustentando tamanha força por vezes indomada. "você é o que resta", ouço atônito e com medo. queria voltar naquela fase da infância na qual acreditamos com toda convicção termos superpoderes. principalmente o poder de desaparecer. ou de emudecer. ou de emoldurar os problemas em uma cápsula intransponível. queria ser a criptonita dos meus problemas, mas infantilmente não será possível. 

hoje meu rosto queima, porque minha cabeça já não pensa, não cria soluções. percebo o choro e não consigo estancar, persigo a calma que insiste em ser mais veloz, perturbo meus dedos, meus tornozelos, meus joelhos. respiro ofegante e sigo sem sequer imaginar onde esteja o caminho depois do escuro. nenhum ventilador abranda, nem refresca, nem sacia, nem acode. acalento é algo que se apagou no dicionário antes que eu chegasse ao seu verbete e pudesse pelo descobrir variações do termo.

nem sempre foi assim. nunca foi assim. continuará sendo assim?