terça-feira, 28 de abril de 2015

Uma chuva só para mim

14 de abril de 2015



Eu não sei quanto tempo faz para você. Mas eu vi, e foi hoje, uma chuva cair só para mim.
Quando eu dirigi enquanto o sol chegava, falei com Aquele que autoriza o movimento de cada partícula das nuvens que eu vi.

Eu via as nuvens branquinhas num céu tão azul que poderia chegar a desanimar a própria esperança. Foi justamente por isso que eu resolvi pedir.

Horas depois, saí sob um sol de massacres, protetor e óculos escuros. Testa molhada nos primeiros instantes. Olhos molhados que viriam depois.

Voltei para a toca de sorriso em punho, dilacerada por uma vontade. E então ouço a chuva chegar pingo a pingo. Lá fora o sol continua incansável.

Chovia somente na minha cabeça. Carros passavam, pessoas passavam. E a chuva....aquela chuva era só para mim.


quarta-feira, 8 de abril de 2015

de mudar

Talvez seja uma corda, fina, um fio; talvez seja um degrau; talvez seja um suspiro certo de dar. Talvez seja um piscar de olhos, ou um olhar que faça o curso das lágrimas, sem saber, se desviar.
Talvez seja o tempo; o tempo talvez nem exista.
Talvez seja o excesso de dor. A saudade batendo marteladas sem qualquer dó. Talvez seja esse o limite do mudar.
Só sei que acaba, e quando começa a acabar é que eu tenho medo.
Sim, eu tenho medo da dor, mas também temo o alívio que a ausência dá.
Porque a ausência da saudade é a garantia de um fim que vem. Que chega perto. Que deita ao lado. Que ocupa o banco vazio, o travesseiro sem cheiro mais, o pacote inteiro de pipocas sem as cócegas dos dedos dos braços enroscados.
É a ausência que começa a me doer os pés, a congelar as unhas roídas das mãos. Nada mais triste pra mim que o fim de uma dor que não estancou, mas que se cansou. É como chuva cair sem ninguém notar. É desperdício de riso a ausência deixar de apertar. A saudade deixar de saudar. A falta aprender a partir.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

de permanecer

Muito mais que amar, a promessa tem sido a de não desistir. Tantos sentam ao nosso lado no banco da inconstância, segurando um pacotinho de pipocas velhas, para dizer com os olhos cheios de vontade "Eu estarei com você".
Nem bem o filme acaba, e estamos sozinhos na poltrona imensa, com os pés gelados e toda aquela sobra do que ainda iríamos nos alimentar se tivesse dado tempo.
Muito mais que amar, a promessa tem sido a de permanecer. Mas ninguém suporta uma Coca-Cola que esquenta e quando se vê chegou aquela data antes tão distante. Mas ninguém veio. E ninguém viu.