sexta-feira, 10 de novembro de 2017

eu não sei fazer conta

eu não sei fazer conta
de quanto tempo não te vejo
de quanto tempo sinto sua falta
de quanto tempo você precisa

eu não sei fazer conta
de quando pisarei na mesma calçada que ti
do tamanho dessa saudade
do espaço que nos separa

eu não sei fazer conta
da paciência que tens comigo
das lágrimas que esconde
do sorriso que me guarda

eu não sei fazer conta
dos textos que não escreveste
dos abraços que recolheste
das andanças que promoveste

eu não sei fazer conta 
da vida que aconteceu
do choro que resolveu
do tanto que emudeceu

eu não sei fazer conta 
mas sei sentir sua ausência
mas sei querer te um tanto
mas sei pensar em ti



quarta-feira, 1 de novembro de 2017

áridos

"O que é a vida?"


Bastou para mim uma frase. A frase que me enviou no meio do dia, quase meio-dia, no dia em que eu me perguntava quais as chances que eu teria de descobrir a tempo.
Bastou. Você acende.
Como eu não havia pensado nisso? 
Árido como a extensão do calendário em dias em que não te vejo. E eu já perdi as contas de quanto tempo faz, porque eram meses mas agora já devem ser muito mais.
E então você me acessa.
Árido da falta de tintura nas paredes. E das frases que não concluo ao olhá-las deitada de olhos abertos e peito estrangulado de lembrança. 
Estrangulado de vontade de lembrar.
E então você me irrompe. 
Três minutos de pranto a tantas tentativas de chuva.
O pranto estanca a sede de todos os dias em branco.
Você me deflagra.