sábado, 1 de janeiro de 2011

O NOVO, O QUE JÁ CHEGOU

Eu já quis que 2010 começasse logo, quis que terminasse ainda lá no seu início, quis que nunca tivesse existido, e um dia passei a querer que ele ficasse pra sempre. Hoje, eu posso guardar de 2010 todas estas fases no mesmo lugar, porque se alguma delas faltasse, eu não seria agora esta aqui.
Pode ser válido para alguns cortar o ano em pedaços desproporcionais e separar o que veio conforme a nossa vontade e o que se perdeu pelo percurso, mas para mim este clima de esperança coletiva só vale se puder ser acionada a qualquer segundo, porque um segundo pode ser feito de muitas surpresas.
Para que o novo aconteça, ele não pede 365 quadradinhos novos na folhinha, ele só quer um segundo. Para que o novo aconteça, não é preciso faxinar a casa, refazer projetos, ensaiar aspirações, avisar os amigos que você deseja que cada um deles seja feliz a partir daquele novo calendário, etc, afinal, o novo não avisa, como vamos anunciar sua chegada? E isto é o gostoso da vida. 
Da mesma forma, o novo não sobrepõe tudo que existe, é apenas um degrau a mais, à frente, que você enxerga ou não, e onde você pode pisar ou não - e quem disse que o novo não pode ser um degrau para trás, onde você tem que ir pra refazer algum passo que perdeu? O novo não deveria inspirar medo, como também não, a euforia de que todo o resto ficou. Nem tudo fica, nem pode ficar. Senão ficaríamos nós mesmos, com todos os aprendizados, jogados como roupa suja no canto da casa.
Eu quero continuar, e não recomeçar. Eu quero o novo, não o início. Começar, eu comecei há anos. E apesar da troca de sonhos, de planos, de amores, de medos, de amigos, de tantas outras práticas (e teorias), eu não quero parar para descarregar nada - nem de ruim, que sempre se converte em adubo, nem de bom, que se guarda na estante. Eu apenas queria dizer que o novo chegou pra mim em todos os dias de 2010, e assim se segue. Feliz primeiro de janeiro! E um brinde ao que virá - amanhã, hoje ainda, antes mesmo desta canção terminar.

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