sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Ah...queria!



Hoje eu queria ser um poema de um verso só. Um verso que cortasse, mas que adoçasse em breve.
Pra você saber o ritmo que a vontade dá enquanto desce pela garganta.
Queria ser uma ferida na ponta do seu dedão do pé, pra te atrasar o passo e te forçar um pouco de atenção.
Hoje eu queria ser um cachorro latindo, o dono do martelo da construção ao lado.
Queria ser um chuveiro queimado no dia gelado pra ganhar teu mau humor.
Hoje eu queria ser uma mordida no canto da boca, que te lembrasse o dia todo que o amargo machuca, mas que o doce também.
Queria ser a goteira em cima do seu livro preferido, pra te fazer pendurá-lo no varal e esperar, sentando-se um pouco ao sol.
Hoje eu queria ser a chave perdida, pra te deixar sair de casa somente quando eu decidisse sair do esconderijo.
E ser o medo que te impede de jogar-se, pra que você ficasse vivo enquanto eu fingisse morrer.
Hoje eu queria ser sua comida fria, a enxaqueca, a azia.
Hoje eu queria ser uma ideia vaga que de repente inpregnasse. E você não executasse, mas pensasse, pensasse, pensasse...

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