quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

um pedido e um querer

Na última vez que tocaste os lábios nos meus, fizeste um pedido: “se cuida.” Pediu baixinho, sussurrou enquanto os olhos brilhavam de despedida. Sussurrou como se assim eu pudesse ouvir melhor, fixar o pedido como um mantra e fazer dali em diante com que aquele pedido fosse atendido em sua plenitude. Assim fiz. Cuidei da saúde, da alma, da família, dos amigos, das tarefas no trabalho, do ego, da mente. A tentativa não foi, necessariamente, sinônimo de êxito, mas guardou em si um mérito solicitado em seu sussurro.

Era 21 de dezembro. 2009. O silêncio das suas mãos percorrendo meu rosto, como se tatuasse na minha face o carinho mais sincero. Como se deixasse claro que algo de muito bom acabava de acontecer. Cuidei de mim, mas não cuidei de esquecer te. Isso não pediu, talvez porque não quiseste, ou mesmo esqueceste, ou mesmo desconsideraste. Então lembro de ti toda vez que o sol arde no rosto, como se pudesse recordar sua mão procurando minha boca.

Distância. Muita. Silêncio. Demasiado. E eu lendo que passa por uma tristeza profunda. Inquietante isso, pra dizer o mínimo. Não sou mais nem um detalhe naquilo que vive. Seria muita pretensão. Incômodo mesmo. Não quero você assim, mesmo que meu querer nada justifique.

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