terça-feira, 11 de junho de 2013

quem sabe acordo melhor

 
que verme me tornei? daqueles que rastejam no próprio vómito em procura de um rasgo de luz que lhe traga intensidade. vítima do querer egoísta. sabedor da condição de que o impossível não se realiza. sonhador de pesadelos. faminto pela tragédia das almas e corpos que se aquecem na chama do esquecimento.
 
nunca desejei ser tão cinza e invisível. para ser ainda menos notado, menos lembrado, menos desejável...reticências da inconstância de um querer que se foi na memória que se apagou no último rasgo de papel fotográfico. a superexposição engole meus sentimentos e me esmaga na certeza de que nem o inseto kafkiano sentiu-se tão indefeso e indiferente à sua própria letargia. não imaginei que meu papel tornar-se-ia tão pequeno, raso, imperceptível. desnecessário. agora vomito aquilo que corrói e deixa o pior azedume no estômago e nos olhos.
 
o tempo não quer. quem disse que o tempo não para pode parecer inteligente, mas diante das constatações acima, parece ser mesmo um senhor intolerante, que humilha e defeca no desejo, no erro de uma insistência que agride, mutila e auto destrói.
 
quem sabe acordo melhor.

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