que verme me tornei? daqueles que rastejam no próprio vómito em procura de um rasgo de luz que lhe traga intensidade. vítima do querer egoísta. sabedor da condição de que o impossível não se realiza. sonhador de pesadelos. faminto pela tragédia das almas e corpos que se aquecem na chama do esquecimento.
nunca desejei ser tão cinza e invisível. para ser ainda menos notado, menos lembrado, menos desejável...reticências da inconstância de um querer que se foi na memória que se apagou no último rasgo de papel fotográfico. a superexposição engole meus sentimentos e me esmaga na certeza de que nem o inseto kafkiano sentiu-se tão indefeso e indiferente à sua própria letargia. não imaginei que meu papel tornar-se-ia tão pequeno, raso, imperceptível. desnecessário. agora vomito aquilo que corrói e deixa o pior azedume no estômago e nos olhos.
o tempo não quer. quem disse que o tempo não para pode parecer inteligente, mas diante das constatações acima, parece ser mesmo um senhor intolerante, que humilha e defeca no desejo, no erro de uma insistência que agride, mutila e auto destrói.
quem sabe acordo melhor.
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