quarta-feira, 18 de julho de 2007

Manhã de terça

Um pouco do que viveu pela manhã. Acordou antes do previsto, depois do que muitos querem e imaginam. Café, silêncio, passos lentos, os sons de sempre, as frutas de sempre, muita água. De volta ao mesmo quarto, pensou que ligar a luz com o sol já radiante seria uma contribuição com o aquecimento global. Abriu as janelas, resolveu, ao contrário do que imaginava para mais uma morosa manhã de terça, se sentar, dentro do quarto, vistas e mente para fora dele. Via as arecas balançarem com um vento que não lhe soprava o peito. Apenas passava aquele vento como quem levasse embora o adubo recentemente despejado em uma frágil plantação de...girassóis talvez (não tem conhecimento científico para tanto). O que sentia era que o vento apenas estava de passagem, não invadia peito adentro como se faz em escadaria e em companhia certa, por mais falante que seja. Que silêncio fez-se nessa manhã, na mente, no coração, na alma, que se renovou permanecendo a mesma. Contempla e busca algo em uma paisagem que o acompanha por anos e pouco lhe significa. Que sociedade observa dá li ce cima, de dentro do quarto? O que já fez por ela? Não busca respostas, como ultimamente não busca. Contempla e contempla, em silêncio, quer estar bem apenas, se permite ser egoísta e apenas estar bem. Tira os sapatos, as meias, levanta as barras da calça e se acomoda no chão mesmo. Olha o céu, ouve alguns sons que misturam urbano e sublime, humano e natureza...combinações que enlouquecem e impedem, que fazem 'sair do corpo' como revelara uma certa pétala...ai dias que se arrastam entre obrigações que lhe agradam mas enfadonham durante a noite, no meio dela, vem a insônia...ai dias, que trazem o medo de antigas crises e impedem que a madrugada chegue de mansinho, sem pressa para acabar...ai manhãs de terça, morosas e infinitas, suaves como passos não bailados. Registrar o que se passou é uma forma que alivia, envia para uma caixa que talvez nunca se apague, encontrou uma maneira de guardar a si mesmo. Longe dali, mas dentro de um bau por demais seguro.

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