terça-feira, 14 de agosto de 2012

mais do mesmo. menos de tudo


sou da opinião de que generalizações, sobre qualquer que seja o tema, empobrecem o discurso e inviabilizam o diálogo. ainda mais quando carregadas de tom pejorativo, preconceito, divagações históricas ou outro elemento limitante. há séculos a ciência descobriu que, se baseasse seu percurso em metodologias ou objetos de pesquisa amplos, perderia o foco, o que resultaria em um percurso insustentável, frágil. então partiram para o microscópio, seja nas ciências da terra, médicas, sociais aplicadas. e passaram a olhar de perto, sintetizar, especificar, olhar a fração, o elemento, o átomo, a partícula, cada palavra, como se a parte fosse a única maneira de revelar o todo.

mesmo nas artes, a receita parece ser essa. cada nota, forma o ritmo, cada tom, uma canção. cada passo a coreografia, cada ato um enredo e assim por diante.

mesmo no divã, a receita parece ser essa. cada fato um conceito, cada sentimento uma razão, cada silêncio uma solução.

mesmo nos esportes, a receita parece ser essa. cada passe um esquema, cada armação uma sistema de marcação, cada gol um guia para o campeão.

mas agora pela manhã, constato que saber muito, de tão pouco, por vezes me deixa mudo, sem ação. décadas se vão e eu cada vez mais específico e, de repente, o mundo questiona, quer alguém mais genérico, mais geral, mais abrangente. onde estão meus companheiros de fração?



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