quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Certeza

Eu o fazia rir com histórias que a ele chegam a parecer irreais, de tanto que ri, quando tive que sair. Pedi que esperasse. Não esperei por isso. Já não sabemos dizer há quanto tempo não conversamos sobre assuntos importantes. Sobre o que nos preocupa de verdade ou nossos medos. Não sinto mais medo. Ele parece tê-los mais do que já sentia antes. Mas já não reclama. Senti saudade da nossa dança, mas a entendi como uma fase que, diferente de algumas outras, talvez volte. E acredito que volte mesmo. Quando menos estivermos esperando e mais precisarmos dela. Lembrei do blog, que eu não abro há dias. E dei de cara com um texto. Não me disse nada, nem enviou antes por e-mail. Não perguntou. Nem sei se era para eu ler. Acho engraçado o jeito dele ser sério e fiel ao que às vezes eu invento para poder dançar um pouco. Acho engraçado o quanto ele experimenta. E como embarca nas minhas invenções, manias e vícios como quem olha antes à volta para ter certeza de que ninguém está espiando. E quando acesso o blog tem lá um pequeno texto, que ele fez talvez sem pensar que eu fosse ler. Ou se fez já esperando, continua esperando. Sem pressa. Não temos mais pressa.
Senti saudade de ouvir Buena Vista. Sentir o som preencher todo o espaço onde o tempo se esforça pra mover ponteiros. Saudade de deixar a nota dançar como queira. E o ritmo ocupar todos os sentidos. Fechar os olhos. Privilégios tantos estes nossos, de não entender e, ao procurar, ainda que não achando respostas ou saídas, até se esquecer da busca. De tanto notar o caminho.

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi, Mandinha! Que linda, que lindo texto. Escancarando na rede aquilo de mais sagrado em ti. Precioso. Bjãozão procê, cumadi! Saudadeeees!