sexta-feira, 19 de outubro de 2007

sentir, lentidão e distância

Andava distante aquele menino de calças curtas. Sentia o mundo com uma leveza e um querer que nao sabia identificar. Sentia e caminhava, como grãos de areia que vão e param com o vento...e vão de novo...seguem para o mesmo lugar. Alguém o chamou, precisava chamar. Alguém o lembrou da sua distância, querendo apenas saber, mas com um certo ar de querer mais...ouvir sua voz ou seu sorriso...ou mesmo seu reclamar que por vezes é mais sadio. Reclama e dá sinal de continuar o mesmo. Os dedos se procuram, as palavras se desencontram, está de fato longe, mas não deixa de lembrar, não deixa de querer talvez uma conversa sentado em um banco de praça, no chão pode ser, não importa porque o que vale são as palavras, as expressões e o descarregar da alma, das angústias. Não passa mais que dois dias sem querer falar mais, mas precisa caminhar e se esquece de olhar pra dentro, de chamar, de repetir o que já se sabe. Eu estou aqui! Placas, papéis, planos, pensamentos, pode, se quiser. Subiu em uma montanha, procurou, encontrou, constatou que tudo está, certa forma, bem. Sentou, parou para pensar. Tem algo a se ajustar, mas o tempo trará respostas? Mesmo que espere, nunca pensa em desistir, não seria típico. Nunca foi. Quer aproveitar cada passo, sentir, descalço, o pé no chão, depois o outro, a distância, o aproximar de dedos, de idéias, do caminhar, lento, lento, lento, para que os olhos possam fitar cada ato e possa ouvir pingos, que insistem em pingar mais lentamente ainda. Desacelerar é o verbo que anda conjugando. E desacelerar nunca será sinônimo de esquecer.

Um comentário:

Anônimo disse...

bom comeco