quinta-feira, 26 de julho de 2012

Nem dormir


Tenho procurado cutucar a cabeça por dentro como quem procura angústias de felicidade para saborear. Os olhos cheios de areia. A cabeça cheia de areia. A boca cheia de doce. A mente cheia de sal.
Tenho tentado não deixar o sono me pegar tão cedo. E assim, por querer, consegui além, sequer dormir.
Procurei seus outros nomes e suas outras línguas. Seu passado não me interessou nem mesmo a capa. Seu futuro interessa-me além de hoje a noite.
Tentei criar você pra te esticar. Encher de cores bobas pra imprimir tuas mais difíceis imprevistas impressões. Mas você é doce como criança pequena; sorrisos na ponta de fios lisos.
Depois também procurei te deixar. Telefonemas pro passado me ajudam a descobrir que só você não passou: porque está sempre a chegar.
Depois tentei te esquecer, só pra ver no que vai dar. Sorria pra mim do mesmo jeito hoje, para que eu me alimente de insônias doces, sem essa de ter que inventar.



Um comentário:

Anônimo disse...

pra variar, espetacularizando com as palavras...brincando com a própria angústia