segunda-feira, 18 de novembro de 2013

percebo


percebo que busca a paz, amigo meu. tem riscado seu céu com imaginação e velocidade, com ciência, com velocidade, em busca de algo calcificado por décadas. merece sua casinha no pé da serra. merece a cama quentinha, o café no coador e o cheiro que vem de lá dominando a casa. merece o silêncio, uma pausa no ônibus que te sacoleja e te fere de forma sólida. e solitária. 

percebo que seu rosto mudou, meu amigo. sua canseira anda aparente, sua sabedoria, que alívio, cada vez mais no ponto. sei das tuas mudanças, por anos e anos, seguindo aquilo que esteve por demais incerto. seguindo um alvo que te escapava e insistia em escorregar das mãos mesmo depois de dominado. largaste tudo, até boa parte da dignidade afetiva, da segurança emocional, em prol de...

(PAUSA: coração grande, coração na espera, coração no suspiro de uma nova retomada) 

percebo que suas mãos agora confiam em toques que seu corpo e sua alma talvez não tenham, depois de tantos embarques e desembarques, nem chegado próximo. o amigo coçou a cabeça, fuçou a rala barba, enquanto narrava este enredo de paradas longínquas...sabe que de mim tens aprovação, como talvez tiveste em tantas outras andanças...mas o amigo precisa aprovar a si mesmo. crer que tem muito mais para depositar o que aprendeu em experiências revigorantes e que lhe tragam...tb não sei.

percebo que quer ser escolhido, pois de tanto mostrar-se, desapareceu, tornou-se invisível diante de olhos tampouco apaixonados. percebo que tens medo, receio, pavor, pânico, ansiedade, por escolher. por assumir. por seguir. tb tenho e por isso, estou do seu lado. e aqui quero continuar até perceber te feliz de fato.


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