Tentemos recomeçar, como a vida. A vida é estridente, como pode ser o sábado, mas jamais a sexta. A sexta é o tempo de um silêncio múltiplo e indefinido, até a última gota de cada ponteiro, de cada relógio, de cada fuso. A sexta é uma grande tribuna. Um espaço a ser preenchido com depoimentos, agradecimentos, respostas que buscam alguém, por mais rude que seja. Continue buscando. As palavras virão se perder o medo. Medo da sexta. Não, medo não, indefinição porque a roupa que prepara para encontrar o por do sol e viver a noite como não viveu a tarde e como não existiu a manhã pode te levar a um portal de sensações. Essências quem sabe. Discursos ou monólogos. Diálogos são perfeitos, mesmo que desconjuntados. E a vida te provoca, como a véspera do sábado. Te coloca na saborosa dúvida de que pronome inserir antes do substantivo. O verbo você já sabe, mas a decisão...ah! a decisão de teclar o definitivo. Essa apavora.
Mas notou como esse pavor não aparece em outros dias da semana? Notou como tem pontos de interrogação neste texto, teclado sem roteiros, mas teclado na sexta? Nada foi proposital, porque perde a graça se pularmos a sexta.