sexta-feira, 20 de junho de 2008

O dia (?)

Sexta Feira. Dia de expediente. Óbvio, lugar comum, mas não dia comum. Muita gente morre na sexta feira e o dia ganha um ar de fim de semana antecipado, só que carregado de pesar. Encontros talvez. A morte é a certeza, o encontro certo. O momento a gente discute, mas a sexta talvez seja o dia ideal para morrer, como se ele pudesse existir. Você já pensou em uma maneira de morrer? Ouvi certa vez de uma pessoa bem idosa que gostaria de morrer dormindo, mas a morte não é um grande sono? A morte é uma maneira de encontrar ou promover encontros? Para que esticar mais esse assunto? Morreu e pronto.

Tentemos recomeçar, como a vida. A vida é estridente, como pode ser o sábado, mas jamais a sexta. A sexta é o tempo de um silêncio múltiplo e indefinido, até a última gota de cada ponteiro, de cada relógio, de cada fuso. A sexta é uma grande tribuna. Um espaço a ser preenchido com depoimentos, agradecimentos, respostas que buscam alguém, por mais rude que seja. Continue buscando. As palavras virão se perder o medo. Medo da sexta. Não, medo não, indefinição porque a roupa que prepara para encontrar o por do sol e viver a noite como não viveu a tarde e como não existiu a manhã pode te levar a um portal de sensações. Essências quem sabe. Discursos ou monólogos. Diálogos são perfeitos, mesmo que desconjuntados. E a vida te provoca, como a véspera do sábado. Te coloca na saborosa dúvida de que pronome inserir antes do substantivo. O verbo você já sabe, mas a decisão...ah! a decisão de teclar o definitivo. Essa apavora.

Mas notou como esse pavor não aparece em outros dias da semana? Notou como tem pontos de interrogação neste texto, teclado sem roteiros, mas teclado na sexta? Nada foi proposital, porque perde a graça se pularmos a sexta.


segunda-feira, 16 de junho de 2008

No final do primeiro parágrafo


Ao fundo, o vento frio que chegou na madrugada, balança a persiana. Algun gritos mais ao fundo, fazem parte dos melhores momentos das vidas daquelas pessoas, mas elas não sabem. Certamente irão descobrir isso anos depois, quando não tiverem tanto tempo nem tanta alegria. É a vida, o instante, o ponteiro que não congela, o segundo em que entra e sai o ar dos pulmões...a vitalidade voltou. O túnel do tempo parece que vai me acompanhar para sempre. Agora tenho o futuro em minhas mãos, vivo, pulsando, mas a sépia de quadros que não vivi não me abandonam, tenho a impressão que seguirei com essa vida que me oferece valores da descoberta. Ótimo, enfim. Futuro e passado, sépia e cores que ardem as vistas e ensinam em um ritmo nada acelerado.

Porque eu sairia daqui se posso chegar até qualquer pessoa por uma janela? Ainda que esta esteja sempre semi aberta. Semi aberta é quase aberta e não quase fechada. Hum, já vi tudo, to misturando estações, deveria ter parado no final do primeiro parágrafo. Volto.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Um rumo de não ter o que fazer


Se eu pudesse, apenas hoje, depois que terminasse de ruminar o que azeda meu sistema digestivo, colocava tudo pra fora pra ver se consigo varrer o que tanto transtorna. Condição, sempre tem uma. Uma não, várias. Execráveis argumentos, pálidos em consistência, têm a leveza de um tornado...chega de mansinho, destrói, levanta, não apenas tira do lugar ou mesmo muda. Arranca. Merda! Enquanto vou ruminando ou despejando teclas, a sensação muda muito aos poucos. Ritmo que não acelera, a não ser quando é pra abrir caminho para algo destrutivo. Sim, o nublado de hoje não significa a condição propícia pra nos apinharmos debaixo de um cobertor velho, diante de um vale a pena ver de novo. Vale a pena vomitar de novo, à seco, sem dedo na garganta nem força no banheiro. Adoraria sentir os temores sairem naturalmente.


Quem sabe os próximos dias me tragam um certo rumo. Não rumo de consciência, que esta anda no lugar, conformada à base de tranquilizantes, mesmo que virtuais. Um rumo de não ter o que fazer, saca? Deixar os ponteiros irem, ponto a ponto, rompendo o silêncio enquanto não chega a hora do Faustão, do Fantástico, do F que imaginar.


Sobreviveremos. Que nada se abale até segunda, afinal o que sobraria para ruminarmos?


segunda-feira, 9 de junho de 2008

O alento, lá de cima.


Não era o tempo. Talvez fosse o vento de quem tanto falava, agora era quem se mostrava senhor das mudanças, reafirmações e pontos. Não pontos finais, pontos que por ora se desenrolam frente uma ordem que se não é a melhor, nem a mais justa, traz um certo alento às almas que se agitaram no verão que terminou.


O alento também não é um estado ou condição que se traduza em conformismo. O alento pode ser, metaforicamente, posto como aquela pedra lá em cima do morro, que chegamos após meia hora, ou hora e meia de caminhada. Sabe aquele canseira boa? O visual é o que conta, a calmaria e o silêncio sábio de uns poucos instantes. Após firmar os pés na pedra, movimentamos apenas os olhos e a imaginação. Criamos saltos e vôos mentais. E lá vamos de novo, pé ante pé. Pra frente ou para trás? Pouco importa. Ah! Se optar por esperar mais um pouco pra assistir o pôr do sol, não perderá em nada.


Boa semana.