sinto saudades, das companhias certas nos horários impróprios. das refeições saborosas em locais até então desconhecidos. dos diálogos que se transformavam em reuniões sobre o nada. do tempo que o relógio parecia não existir. da bola que pulava e encantava tantos e por tanto tempo. Do abraço que chegava sem que esperasse. da chuva, chuva, chuva...de olhos na janela no frio e embaixo dela, no verão de calças curtas
sinto alívio, imaginando que esteja correndo, falando e mostrando sua importância e se sentindo importante. não espere nada no final do corredor, mas viva, enquanto isso, com intensidade. sinto alívio quando o vento bate no rosto e parece trazer algo de longe, um cheiro, um suspiro, um sorriso, um ato que anima, que impulsiona. sinto alívio assim que cai a noite, assim como raia o dia, porque nos atos sublimes encontro a paz que preciso para abandonar erros e desacertos (são diferentes)
sinto satisfação. agarro a chance de uma nova proposta, de um novo verbo, de responsabilidades que seja, me satisfaço quando trocamos as letras, as palavras que enchem a tela, ou a mente, transformando impossibilidades em certezas efêmeras. sinto satisfação porque aqui, nesta janela, a possibilidade é infinita
sinto algo inexplicável quando os braços alcançam e os olhos percebem a pureza do toque, o gesto imaculado, o sorriso espontâneo, o olho no olho, o aroma nunca encontrado. inexplicável porque aprendemos, sem saber que estamos aprendendo e depois percebemos que tudo mudou. perceba como a distância desaparece, quando falamos com alguém que realmente compartilha dos mesmos sabores, dos mesmos desejos, das mesmas inquietudes. só me deixe compartilhar, mesmo que seja a distância (sem crase)
a distância era confidencial, por isso aqui não cabe os mesmos argumentos, apenas o registro.
Um comentário:
essa tarde está fria e imensa. este texto está esmagando a saudade, exalando mais e mais e mais a vontade do vento no rosto. esta tarde está cheia de frio e de espaço para o vento. esta saudade está imensa.
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